Operação deflagrada pela Polícia Federal nesta quinta-feira (11) concluiu o cumprimento de cinco mandados de prisão preventiva no bojo da Operação Última Milha, que investiga monitoramento ilegal de autoridades públicas e produção de notícias falsas pela Abin (Agência Brasileira de Inteligência) durante o governo Bolsonaro.
A ofensiva mira auxiliares diretos do ex-chefe do órgão, Alexandre Ramagem (hoje deputado federal), além de influenciadores do gabinete do ódio. Os cinco alvos já foram presos – dos quais um chegou a ser considerado foragido. São eles:
A ofensiva aberta nesta quinta, 11, consiste na quarta fase da Última Milha e apura ações do grupo contra membros dos três Poderes e jornalistas, com a “criação de perfis falsos e a divulgação de informações sabidamente falsas”.
Ainda de acordo com a corporação, a organização criminosa “também acessou ilegalmente computadores, aparelhos de telefonia e infraestrutura de telecomunicações para monitorar pessoas e agentes públicos”.
A investigação apura supostos crimes de organização criminosa, tentativa de abolição do Estado Democrático de Direito, interceptação clandestina de comunicações e invasão de dispositivo informático alheio.
A Operação Última Milha foi inicialmente aberta em 2023, quando a PF prendeu dois servidores da Abin – Rodrigo Colli e Eduardo Arthur Yzycky – que usaram indevidamente o sistema de geolocalização de celulares do órgão para coerção. Na ocasião, a sede da Abin também foi alvo de buscas.
Segundo a PF, o grupo sob suspeita teria usado o sistema da Abin – um “software intrusivo na infraestrutura crítica de telefonia brasileira” – para rastrear celulares ‘reiteradas vezes’. Os crimes teriam sido praticados sob o governo Jair Bolsonaro. À época, o órgão era comandado por Alexandre Ramagem.
Em janeiro, a investigação se desdobrou na Operação Vigilância Aproximada, que mirou o deputado federal Alexandre Ramagem, o vereador Carlos Bolsonaro, policiais federais cedidos à Abin no governo Bolsonaro e ex-superintendentes regionais da agência.
À época, a PF disse acreditar que a estrutura da Abin foi usada ainda para produzir informações que teriam ajudado na defesa dos filhos de Bolsonaro em investigações criminais. Relatórios da agência teriam sido compartilhados para subsidiar o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) na investigação das “rachadinhas” e Jair Renan em inquéritos sobre tráfico de influência, estelionato e lavagem de dinheiro. O senador nega ter sido favorecido.
O deputado Alexandre Ramagem não é alvo da operação desta quinta, mas foi alvo do inquérito da Última Milha porque teria autorizado investigações paralelas, sem autorização judicial e sem indícios mínimos de materialidade que justificassem as apurações, segundo a PF. Algumas das apurações tentavam até confirmar fake news que circulavam em grupos bolsonaristas.
Os investigadores constataram que a “Abin paralela” tentou até produzir provas que relacionassem ministros do STF – Gilmar Mendes e Alexandre de Moraes – e deputados opositores de Bolsonaro ao PPC. Ainda de acordo com a PF, a estrutura paralela da Abin foi politizada e promoveu “ações de inteligência” para atacar as urnas eletrônicas.