A região sul de Mato Grosso do Sul enfrenta uma das secas mais severas dos últimos anos, colocando em risco até 70% das lavouras de soja em algumas áreas. De acordo com o chefe de pesquisa do Instituto MS Agro, Renato Moraes, perdas irreversíveis já atingem 30% das plantações, mesmo com a previsão de chuvas para os próximos dias. A medida emergencial, solicitada pelos produtores, é considerada fundamental para mitigar os prejuízos causados pela estiagem prolongada.

Consultores agrícolas destacam a gravidade da situação. Em Itaporã, por exemplo, a produtividade caiu para cerca de 30 sacas por hectare, bem abaixo da média histórica de 60 sacas. Agricultores que plantaram em outubro enfrentam condições ainda mais críticas, com áreas registrando entre 15 e 25 sacas por hectare. Além disso, o estresse hídrico está comprometendo a qualidade dos grãos, agravando o cenário para os produtores.

Dados da Federação de Agricultura e Pecuária de Mato Grosso do Sul (Famasul) apontam que 60% das lavouras na região sul estão em condições regulares ou ruins, o equivalente a 400 mil hectares afetados. A área é a mais prejudicada do Estado, com apenas 39% das plantações classificadas como boas, muito abaixo de outras regiões como o norte, onde 93% das áreas estão em boas condições. Em Dourados, município crítico, 60% das lavouras enfrentam problemas graves.

A crise levou produtores a se mobilizarem para pedir um decreto de emergência. Entidades como a Associação de Empresas de Assistência Técnica Rural (AASTEC-MS) e o Sindicato Rural de Dourados discutem o encaminhamento do pedido à Aprosoja-MS. Segundo líderes do setor, o decreto ajudaria nas renegociações com fornecedores e no acionamento de seguros agrícolas, essenciais após três safras consecutivas de perdas devido à seca.

Embora a previsão de chuvas para os próximos 16 dias traga algum alívio, os impactos para lavouras em estágios avançados de maturação são irreversíveis. Especialistas defendem, além das ações emergenciais, investimentos em sistemas de irrigação e tecnologias para aumentar a resiliência das plantações. Apesar do aumento de 6,8% na área plantada nesta safra, a estiagem ameaça comprometer a produção estadual, estimada em 13,977 milhões de toneladas, tornando as próximas semanas decisivas para o setor.