A FFMS (Federação de Futebol de Mato Grosso do Sul) tem 48 horas para decidir sobre o afastamento do presidente Francisco Cezário de Oliveira, preso por suspeita de desviar R$ 6 milhões da entidade. O prazo foi estipulado pelo TJD-MS (Tribunal de Justiça Desportiva de Mato Grosso do Sul).
O presidente do TJD-MS, Patrick Hernands Santana Ribeiro, firmou o prazo de dois dias em despacho, emitido neste sábado (25). O documento atende pedido de afastamento solicitado pelo Procurador de Justiça Desportiva, Wilson Pedro dos Anjos.
Wilson pede pelo afastamento de Cezário alegando que a FFMS encontra-se “encontra-se acéfala na ocupação de sua Presidência, por força de seu Estatuto”. O procurador cita a Operação Cartão Vermelho, que prendeu Cezário e outros membros da entidade, na terça-feira (21).
No documento, Patrick Hernands Santana Ribeiro afirma não ver “prejuízos em aguardar a manifestação, nestes autos, da Federação de Futebol, para posterior decisão do pedido liminar sobre o afastamento do seu Presidente”.
Ele intima a FFMS para se manifestar no prazo improrrogável de 48 horas úteis e, “com ou sem resposta, retornem os autos para deliberação com urgência”.
Além disso, o presidente do TJD-MS defere o pedido de expedição de ofício à CBF, para que a mesma “nomeie com urgência o competente interventor para assumir a regularização do comando da Federação de Futebol de Mato Grosso do Sul”.
O Gaeco deflagrou a Operação Cartão Vermelho na terça-feira (21) e prendeu o presidente da FFMS, Francisco Cezário, e outros quatro envolvidos no esquema de desvio e lavagem de dinheiro.
A hegemonia de Cezário, que já dura 26 anos, pode estar perto de acabar. Isso porque o estatuto da Federação prevê sanção de inelegibilidade de 10 anos aos membros da instituição em alguns casos.
A situação de Cezário se aplica no inciso V do artigo 53 do estatuto, que diz sobre o afastamento de cargo eletivo ou de confiança de entidade desportiva em virtude de gestão patrimonial ou financeira irregular ou temerária da entidade.
Conforme levantamento obtido pelo Jornal Midiamax, a Fundesporte (Fundação de Desporto e Lazer de MS) repassou R$ 8.327.803,20 desde 2015 à FFMS para investimentos nos campeonatos estaduais. Nos últimos três anos, o recurso do FIE (Fundo de Investimentos Esportivos) ultrapassou a cifra do milhão.
Sem contar os repasses da CBF, a Federação de Futebol recebeu milhões da Fundesporte para os campeonatos estaduais da Série A e futebol feminino. Entretanto, a FFMS declarou rombo de quase R$ 1 milhão em 2023.
Na ponta do lápis, o rombo informado não chega nem perto do montante desviado. Com o dinheiro lavado, a FFMS poderia pagar 6x o valor do déficit. O informado pelo Gaeco é referente a desvios de 2018 até fevereiro de 2023. Vale ressaltar que Cezário está à frente da Federação desde 1998.
Conforme informações do Gaeco, o grupo realizava pequenos saques de até R$ 5 mil para não chamar atenção dos órgãos de controle.
Mais de R$ 800 mil foram apreendidos, inclusive em notas de dólar somente durante o cumprimento dos mandados nesta terça-feira, além de revólver e munições.
Dessa forma, os valores eram distribuídos entre os integrantes da organização criminosa. O esquema se estendia também a outras empresas que recebiam altas quantias da federação. Assim, parte dos valores vinha ‘por fora’ ao grupo.
A organização criminosa também possuía um esquema de desvio de diárias dos hotéis pagos pelo Estado de MS em jogos do Campeonato Estadual de Futebol. Equipes do Gaeco cumpriram 7 mandados de prisão preventiva, além de 14 mandados de busca e apreensão em Campo Grande, Dourados e Três Lagoas.
Conforme o Gaeco, o nome da operação faz alusão ao instrumento utilizado pelos árbitros para expulsar os jogadores que cometem faltas graves durante as partidas de futebol.