Depois de 88 militares passarem mal, oito continuam internados após o treinamento com recrutas do 10º Regimento de Cavalaria Mecanizado, de Bela Vista, que acabou na morte de Vinícius Ibanez Riquelme, de 19 anos, no último sábado (27).
A família de Vinícius denunciou que a morte ocorreu por um possível quadro de ‘desidratação' e ‘esforços exaustivos durante os exercícios físicos', realizados em uma manobra militar. O treinamento ocorreu em meio a onda de calor já anunciada antecipadamente pela meteorologia.
Na tarde desta quinta-feira (2), o Comando da 4ª Brigada de Cavalaria Mecanizada informou que até o momento 88 militares procuraram atendimento médico com sintomas de infecção viral.
Dos 26 inicialmente hospitalizados, sendo 22 recrutas e 4 instrutores, 8 permanecem internados. O único militar que estava sob cuidados intensivos, na Santa Casa de Campo Grande, foi transferido para a enfermaria e outro que estava em observação no hospital de Bela Vista, recebeu alta.
O militar que havia sido encaminhado para o Hospital Militar de Área de Campo Grande já apresentou melhoras no quadro de saúde.
Em contato com a mãe do militar, que estava em estado grave na Santa Casa, ela revelou ao Jornal Midiamax que o filho recebeu um atestado de afastamento por um período de 30 dias.
E ainda, segundo a 4ª Brigada, nenhum militar foi hospitalizado nas últimas 24 horas.
No dia 30, a atualização de recrutas internados era de 77 militares. Já na quarta-feira (1º), subiu para 78 o número de militares que precisaram de atendimento médico.
Devido à morte do soldado após treinamento exaustivo e confirmações de alguns casos de infecções virais, o Exército decidiu aplicar vacinas contra a Influenza para todo o efetivo do 10º Regimento. A campanha aconteceu das 7h30 às 10h da manhã dessa quinta-feira (2) e continua no mesmo horário nesta sexta-feira (3).
No que se refere às denúncias de possíveis excessos durante o treinamento que acabou na morte do recruta Vinícius, a 4ª Brigada afirma que foi aberto um procedimento administrativo para investigar.
“Foi aberto um procedimento administrativo para investigar sua possível ocorrência por parte de militares envolvidos no treinamento”, diz em nota.
Ainda, lamenta a morte do soldado, afirmando que foi aberto inquérito policial para apurar as circunstâncias e somente após a conclusão do mesmo serão apresentadas as causas do óbito.
Familiares de militares lotados no Exército de Bela Vista estão denunciando coação supostamente praticada por militares para que soldados recrutas comprem enxoval específico ao ingressarem no serviço militar. A denúncia vem em meio à repercussão do treinamento que terminou com um soldado morto, Vinicius Ibanez Riquelme, de 19 anos, e outros 48 que precisaram de atendimento médico.
Entre os relatos feitos pelas mães dos soldados ao Jornal Midiamax está a lista do material de campo básico que exige o fardamento como item obrigatório, avaliado em aproximadamente R$ 700 e que, segundo elas, não é reembolsado.
Há relatos de que um dos recrutas estaria sem dinheiro para comprar o enxoval e, então, teria sido informado que colocariam pedras na mochila daqueles não comprassem o material, o que causou medo nos militares.
Vinícius Ibanez Riquelme foi submetido a realização de atividades físicas durante um treinamento de campo com o grupo do 10º Regimento de Cavalaria Mecanizado de Bela Vista, a 324 quilômetros de Campo Grande. De acordo com informações, grave estado de desidratação teria afetado os rins dele. O soldado morreu na manhã de sábado (27) na Santa Casa da Capital.
Amigos e familiares de Vinicius, o recruta que morreu após o treinamento, denunciam que, entre as principais causas da morte do militar, além de um possível quadro de ‘desidratação', estão ‘esforços exaustivos durante os exercícios físicos', realizados em uma manobra militar.
“Não acredito que entreguei meu filho vivo para o Exército e recebo ele dentro de um caixão. Não é justo, quero justiça, isso não pode ficar impune! O Vini era um menino muito educado, meu companheiro, minha vida, e agora como fica minha vida?”, disse Mariza, mãe de Vinícius.