O ex-presidente de Honduras, Juan Orlando Hernández, foi declarado culpado ontem, 8, pelo júri de um tribunal federal de Nova York por narcotráfico e tráfico internacional de armas. O julgamento de Hernández, 55 anos, durou duas semanas e o júri formado por 12 pessoas o considerou culpado por usar as forças militares e policiais do país para facilitar o envio de toneladas de cocaína aos Estados Unidos. As acusações acarretam em uma sentença mínima obrigatória de 40 anos de prisão e a possibilidade de prisão perpétua.
Segundo a promotoria, a audiência de sentença está marcada para 26 de junho. A defesa de Hernández anunciou que vai recorrer da decisão.
O ex-presidente foi preso em sua casa em Tegucigalpa, capital hondurenha, três meses após deixar a presidência em 2022 e foi extraditado para os Estados Unidos em abril do mesmo ano.
Os promotores o acusaram de colaborar com traficantes de drogas desde 2004, alegando que ele aceitou milhões de dólares em subornos, à medida em que galgava sua carreira política até chegar a chefia do Executivo. O político admitiu em suas declarações ao tribunal que quase todos os partidos políticos em Honduras recebiam dinheiro do narcotráfico, mas negou ter recebido subornos.
Em 2021, seu irmão, Juan Antonio “Tony” Hernández, foi condenado pelo mesmo crime nos país.
Em sua defesa, Hernández destacou que visitou a Casa Branca e se encontrou com presidentes dos Estados Unidos, sempre se apresentando como um defensor na luta contra o narcotráfico e que colaborava para interromper o envio de drogas para os Estados Unidos.
Em uma ocasião, ele afirmou que o FBI o alertou que um cartel queria assassiná-lo. Disse que seus opositores fabricaram alegações contra ele em troca de obter clemência por seus crimes “Eles têm motivos para mentir, são mentirosos profissionais”, afirmou o acusado.
Durante o julgamento, o ex-presidente foi atribuído como responsável por dezenas de assassinatos e de proteger alguns dos traficantes de cocaína mais poderosos do mundo, como o mexicano Joaquín “El Chapo” Guzmán, que cumpre prisão perpétua nos Estados Unidos.
A notícia da condenação foi recebida com festa e aplauso por quase 100 opositores de Hernández que estavam do lado de fora do tribunal.
O governo de Honduras emitiu um comunicado após a sentença destacando que, com a decisão contra Hernández, fica exposto “o fracasso do sistema de justiça hondurenho e sua cumplicidade com o crime organizado durante seu mandato”.
Após ouvir a decisão, a ex-primeira-dama Ana García de Hernández, esposa de Hernández, defendeu a inocência do marido em uma coletiva de imprensa na qual não respondeu a perguntas.
“Nossa família recebeu um golpe duro, apesar de Juan Orlando ter sido o único presidente que enfrentou o crime organizado, hoje foi vítima dos mesmos narcotraficantes que ele próprio extraditou e que foram influenciados pelos promotores”, expressou.
Ela fez um apelo a todos os presidentes latino-americanos que lutam contra o narcotráfico e o crime organizado para terem cuidado em sua luta. “Hoje foi Juan Orlando, amanhã pode ser qualquer um, qualquer um que tenha uma foto tirada com alguém em uma atividade política ou com os filhos de alguém”.