As audiências do julgamento de Daniel Alves, acusado de estuprar uma mulher em uma casa noturna de Barcelona, tiveram forte repercussão na imprensa europeia. O jornal francês Le Parisien, por exemplo, publicou uma matéria com o título “A frágil defesa de Daniel Alves”. Isso após o último dia de depoimentos ao Tribunal de Barcelona, na quarta-feira.
Então, o texto assinado por François David, correspondente do periódico na Espanha, classifica como “terríveis” os argumentos apresentados pela advogada do brasileiro, Inés Guardiola.
Os atenuantes indicados pela advogada são o consumo de álcool, reparação de danos e violação de direitos fundamentais por suposta parcialidade no processo judicial. Por outro lado, a acusação privada contratada pela vítima pede a pena máxima de 12 anos de prisão e o Ministério Público, 9.
De acordo com o jornal espanhol Marca, a juíza Isabel Delgado Pérez tem até 20 dias, contados a partir desta quinta-feira, para tomar uma decisão sobre o caso.
“Alves estava tão embriagado a ponto de não se lembrar mais dos detalhes de sua relação com a suposta vítima?”, questionou o L’Equipe em seu texto. Então, a embriaguez do jogador foi argumento recorrente. Teve menções da defesa e testemunhas como Bruno Brasil e Joana Sanz, amigo e mulher de Daniel Alves, respectivamente.
O atleta de 40 anos também disse ter “bebido demais”, além de ter afirmado que a relação com a jovem foi consensual.
Assim, a imprensa espanhola deu bastante destaque ao depoimento do brasileiro. “Em nenhum momento ela me disse que não queria nada”, foi a frase de Daniel Alves destacada pelo El País em sua matéria sobre a audiência.
O La Vanguardia, por sua vez, também reproduziu um argumento do jogador: “Estávamos aproveitando”. Na Inglaterra, o The Guardian destacou a noite de “angústia e terror” descrita pela advogada da denunciante durante a audiência.
O julgamento teve o comando de uma mulher, a juíza Isabel Delgado Pérez, acompanhada pelos magistrados Luís Belestá Segura e Pablo Diez Noval. As sessões aconteceram de forma aberta, com a presença da imprensa em sala à parte, mas não houve liberação de captações de áudio e imagem.
A mulher que denunciou Daniel Alves teve a identidade preservada e realizou o depoimento na segunda-feira (5), protegida por um biombo para que não tivesse contato visual com o jogador. A imagem dela foi reproduzida em vídeo para os presentes, com a imagem e voz distorcidas.
A medida visou proteger a identidade da denunciante. Então, sua versão durou cerca de uma hora e meia e ela reafirmou a violência sexual praticada contra ela pelo atleta.
Na segunda sessão, na terça-feira (6), depuseram três amigos do jogador que estavam na casa noturna; três empregados da casa noturna; advogado convocado por uma amiga da denunciante; 11 policiais; e policial que gravou o relato da vítima da suposta agressão do brasileiro com uma câmera na farda.
Joana Sanz, mulher de Daniel Alves, também depôs. A versão dela, dos amigos e do gerente mencionam o estado de embriaguez do jogador no dia do caso. Além deles, um sócio da casa noturna foi ouvido e chegou a dizer que a mulher confessou a ele que entrou no banheiro da boate de maneira voluntária, mas foi impedida de sair depois.
No terceiro e última dia foram ouvidos peritos forenses, policiais científicos e peritos da defesa, além do próprio acusado.
Daniel Alves chorou durante a sua fala e afirmou que a relação foi consensual. O jogador afirmou que consumiu bebida alcoólica e disse, ainda, que não forçou a denunciante a entrar no banheiro onde a suposta agressão sexual teria ocorrido.
A audiência da quarta-feira foi o último dia dos depoimentos. Agora, a Corte tem prazo de 20 dias para anunciar a sentença.