A fumaça das queimadas que há dias faz parte do cenário de Mato Grosso do Sul, está causando danos para a saúde ocular da população campo-grandense. A principal queixa nos consultórios oftalmológicos são de conjuntivites e olhos secos.
A médica oftalmologista Cristiane Bernardes explica que existem vários quadros de conjuntivite acarretados pela fumaça das queimadas.
“A gente teria três causas principais, as conjuntivites alérgicas, a infecciosa e os quadros de olhos secos, todos causados com essa poluição ambiental”, pontou Cristiane.
“Os quadros de conjuntivite alérgica, que não são causados por patógenos especificamente, por vírus, por bactérias, são causados por reação alérgica, hipersensibilidade”, explica Cristiane.
Segundo a médica, além de causar asma e bronquite, a fuligem, poeira e fumaça carregam componentes que desencadeiam quadros alérgicos.
“O paciente acaba cursando com inchaço na pálpebra, coceira, lacrimejamento, sensibilidade à luz, até secreção, mas não é aquela secreção de pus, é um muco, porque o olho fica todo inflamado”, pontou a Dr. Bernandes.
A médica oftalmologista, Cristiane Bernandes ressalta que nesse período há um aumento na incidência de lacrimejamento e dos sintomas de olho seco.
“Essa poeira e essa fumaça provocam alteração nas células superficiais do olho, da mucosa, da conjuntiva, causando também um processo inflamatório que faz com que a produção de muco da lágrima esteja diminuída. Com esse muco diminuído, você acaba cursando com uma sensação de olho seco maior”, explicou Cristiane.
Segundo a médica Cristiane, todos os campos-grandenses já estão sentindo os impactos da baixa umidade do ar em relação à saúde ocular.
“A gente já está tendo falta de produção da parte aquosa por conta da baixa umidade, do baixo índice pluviométrico. O olho por si só de todos nós já tem sentido um pouquinho mais essa questão [muco diminuído]”, afirmou a Dr.
Para a médica, todos os componentes que compõem a lágrima são prejudicados com as queimadas. “A parte mucosa é prejudicada, a parte lipídica e a parte aquosa também acabam sendo prejudicadas por conta da evaporação, que acaba aumentando pela baixa umidade do ambiente”, afirmou.
Cada paciente precisa de um tratamento específico e deve procurar o seu oftalmologista, contudo o uso de lubrificantes sem vasoconstritor são recomendados.
“Nos casos que cursam só com o olho seco, com um certo desconforto, para a gente tentar se prevenir, pode usar lubrificantes sem vasoconstritor, que ajuda na umidificação dessas mucosas. Ele acaba melhorando a qualidade do filme lacrimal porque ele tem outros componentes”, explicou a Dr.
Contudo, se o paciente tiver outros sintomas e não apresentarem melhora com o uso de lubrificante, a recomendação é procurar um profissional.
“Se o uso do lubrificante não estiver melhorando, é necessário procurar um profissional para ver especificamente que tipo de conjuntivite que pode estar desenvolvendo”, ressaltou.
Além das queimadas, a baixa umidade do ar e as altas temperaturas fazem com que a procura por oftalmologista cresça nesse período do ano.
“Mas o número de pacientes que atendemos nos consultórios com queixas oculares de disfunção lacrimal é crescente, mesmo em períodos em que historicamente não se tinha tanta incidência, principalmente pelas altas temperaturas e baixa umidade”, pontou.