Com treino muito mais puxado e intenso do que as meninas, a ginástica artística para meninos ainda é muito pouco disseminada e praticada em Campo Grande, mesmo com a visibilidade dada à modalidade nas Olimpíadas de Paris 2024.
Enquanto as meninas formam fila de espera em Centro de Formação de Atleta da Capital – o único que oferece treinamento gratuito – os meninos ainda têm muitas vagas abertas. O Cefat Rose Rocha atende 310 ginastas na categoria feminina, mas apenas 58 na masculina.
Para a coordenadora pedagógica do local, Eliane Nagano, essa disparidade nos números é reflexo da desinformação e do preconceito. “As pessoas não conhecem a fundo a ginástica masculina. É um pouco de preconceito também. Os meninos aqui, para fazer ginástica, eles fazem 6 aparelhos. Eu brinco se eu fosse menino, talvez eu não faria ginástica. Porque o feminino são quatro e os meninos são seis”, diz a gestora ao Jornal Midiamax.
Na ginástica masculina, os meninos trabalham vários grupos musculares e, por isso, ficam com o corpo definido, além de desenvolverem aptidões físicas que ajudam em outros esportes. O Luke Tobaru Nagano é filho de Elaine e treina há mais de 7 anos.
“Eu tenho certeza que a ginástica ajuda muito no desenvolvimento dele, em geral, na escola, em outras modalidades também que ele participa. Ele sempre se destaca devido a essas qualidades físicas que a ginástica proporciona”, opina Elaine.
Luke treina há mais de 7 anos (Ana Laura Menegat, Jornal Midiamax)
Antes de entrar na ginástica artística, Luke gostava de fazer estrelinhas e despertou a atenção da mãe, que é uma das primeiras ginastas de Mato Grosso do Sul. “Eu comecei a me acostumar com treino. Aí dois meses depois eu comecei na equipe e depois de 7 anos estou aqui”, conta.
Agora o Luke tem 11 anos e sonha em integrar a seleção olímpica. “Pretendo muito continuar no esporte. Até chegar na seleção, disputar um campeonato como as olimpíadas, um mundial e um pan-americano”, diz o atleta ao Jornal Midiamax.
Ginástica masculina ainda enfrenta estigmas (Ana Laura Menegat, Jornal Midiamax)
Enquanto as meninas se inspiram na medalhista olímpica Rebeca Andrade e Jade Barbosa, entre os grandes nomes da ginástica artística masculina estão Diego Hypólito, Arthur Zanetti e Arthur Nory – todos também medalhistas em Jogos Olímpicos.
Apesar do estigma enfrentado na modalidade, Luke pretende continuar na ginástica. “Tem muita gente que foi atleta nosso, mas agora está trabalhando [em outras áreas] porque não pôde continuar e eu não quero trabalhar e sim continuar no esporte muito feliz aqui”, afirma.
Sobre o preconceito ainda enfrentado na ginástica masculina, Elaine afirma que o filho já não se importa mais com críticas. “A gente sempre tem a conversa de que é o que ele gosta de fazer e acho que isso é o mais importante”, finaliza.