Pelo quinto dia consecutivo, Marciliel da Silva Garcia, de 37 anos, acordou na BR-386, rodovia que fica no Rio Grande do Sul, na cidade Pouso Novo, perto de Soledade e Lajeado. Na manhã deste domingo (05), o campo-grandense fala sobre a angústia de não saber quando poderá seguir viagem.
O caminhoneiro e outros colegas de profissão seguem na BR-386 esperando a liberação da pista. Nesta manhã, Marciliel conta que foi liberada parcialmente a passagem na rodovia. “Liberaram só veículos de passeios para quem está em Pouso Novo retornando para Soledade. Quem está em Pouso Novo sentido Lageado, Porto Alegre, está completamente fechada a rodovia”, explica.
Dormindo no caminhão há dias, o caminhoneiro espera seguir viagem para Pelotas. Antes, ele explica que deve fazer uma parada na capital do Rio Grande do Sul. “Precisamos que as autoridades competentes façam alguma coisa para que possamos sair aqui da BR 386. Eu preciso ir em Porto Alegre descarregar”, afirma.
Da BR, Marciliel segue em contato com a família que mora em Campo Grande. Apesar de estar fisicamente bem, o caminhoneiro fala que todos estão aflitos com a situação que persiste há dias. “É muito triste, agoniante ficar longe de casa sabendo que você está em plena rodovia sem previsão de saída. Quando você sabe que não tem nenhuma intempérie fica normal a viagem, mas agora com todos esses acontecimentos ficamos apreensivos”, relata.
Na região onde o campo-grandense está não há serviço de energia elétrica, água e internet. Para conseguir falar com a família, o caminhoneiro está usando a conexão de uma cidade próxima.
Tragédia - Segundo dados da Defesa Civil divulgado às 9h deste domingo, o Rio Grande do Sul registrou 66 mortes e 101 desaparecidos. As fortes chuvas que começaram no início desta semana já atingiram 332 municípios e também deixaram 155 pessoas feridas.
As chuvas também obrigaram 95,7 mil pessoas a abandonarem suas casas, entre 80,5 mil desalojados e 15,1 mil desabrigados. Ao todo, as chuvas já afetaram 707,1 mil pessoas no estado.