De novo! Exatamente um mês após cometer a gafe de colocar dois personagens no mesmo cenário, cada um com uma guampa de tereré diferente, a novela da TV Globo "Terra e Paixão", ambientada em Mato Grosso do Sul, voltou a repetir o equívoco. Será que é de propósito ou os atores têm nojo de reproduzir a tradição tal como ela é?
Em capítulo desta semana, os personagens Jonatas (Paulo Lessa) e Gentil (Flávio Bauraqui) surgiram em cena sentados à mesa da cozinha, tomando tereré, mas sem seguir a tradição paraguaia difundida em Mato Grosso do Sul e em outras regiões do Brasil.
Na ocasião, pai e filho na trama apareceram lado a lado consumindo a bebida, mas com guampas separadas. Nem chimarrão se toma assim! Na cultura sul-mato-grossense, supostamente representada no folhetim, uma única guampa é compartilhada por várias pessoas nas rodas de tereré, e não é isso que a novela tem levado ao ar.
A obra insiste em mostrar os personagens com guampas individuais, andando para lá e para cá segurando o copo, como se o tereré fosse uma cerveja ou suco, por exemplo.
Outro detalhe que chamou atenção dos telespectadores de Mato Grosso do Sul na mesma sequência foi o fato de, apesar de estarem com guampas individuais, nem Gentil e nem Jonatas portavam uma garrafa com água gelada por perto. Seria infinito o tereré da novela?
Vale destacar que a tradição local tem como costume reunir pessoas e formar rodas, é uma bebida consumida de maneira coletiva e, normalmente, as pessoas se unem para tomar em uma única guampa.
Desde que a novela das nove começou a exibir os personagens tomando em guampas separadas, alguns telespectadores levantaram a hipótese da pandemia ter sido um fator determinante para as cenas irem ao ar dessa forma. Porém, é importante frisar que a OMS decretou oficialmente o fim da crise sanitária em maio deste ano, antes mesmo de "Terra e Paixão" estrear, o que não justifica a invenção da obra quanto ao "novo modo" de tomar tereré.
Para alguns sul-mato-grossenses, os cariocas e globais em geral têm mesmo é um certo receio, ou nojo, de encostar a boca na mesma bomba e, por isso, acabam optando por representar de forma errada a cultura do Estado em que a novela é ambientada.