TER�A-FEIRA, 26 DE NOVEMBRO DE 2024
DATA: 23/06/2023 | FONTE: Midiamax Tentativa de alterar cena, sêmen e lubrificante: confira detalhes da casa onde Sophia foi morta Laudo da perícia indica que houve tentativa de alterar cenário da casa onde Sophia foi morta
Sala da casa onde estavam roupas espalhadas, remédios e tubos de lubrificantes (Reprodução)

Uma cena de assustar qualquer um: roupas por todo o canto, remédios espalhados, desordem, bagunça geral. Assim foi encontrada pela polícia a casa onde Sophia OCampo, morta aos 2 anos, morava e morreu após ser espancada e estuprada. A menina morreu em janeiro deste ano e no dia 26 de maio aconteceu a segunda audiência do caso. O Jornal Midiamax teve acesso com ao laudo pericial que analisou a casa de Sophia.

Logo na entrada da casa, em específico na varanda, foi observado a bagunça com lixos, objetos espalhados pelo chão, e fraldas que estavam, em sacos, além de embalagens vazias de latas de cerveja demonstrando alto consumo de álcool. Na área de serviço foi notado que recentemente roupas haviam sido lavadas e em específico, uma toalha branca, chamou a atenção da perícia já que estava separada das outras roupas estendidas no varal.

Já dentro da casa foi possível notar a desordem. Na sala havia um colchão no chão e sobre ele uma colcha, de cor rosa, onde os peritos encontraram três manchas, sendo uma de cor marrom e outras duas sendo uma delas, de cor avermelhada, sugerindo ser sangue.

 
 

Na outra mancha encontrada foi usado luz azulada e com auxílio de óculos de coloração amarela pode-se perceber que se tratava de sêmen. Ainda na sala vários medicamentos foram encontrados que iam desde para tratamentos de dores de cabeça, anti-inflamatórios, dores de garganta e prisão de ventre. 

Também na sala foram encontrados dois tubos de lubrificante feminino, sendo um deles aberto e quase no final, em cima de um móvel ao lado do colchão que estava no chão da sala e outro em cima de um móvel onde ficava uma CPU, que foi apreendida para passar pela perícia. 

No quarto haviam brinquedos espalhados, um ventilador quebrado e a cama também estava com o estrado quebrado. Uma toalha pendurada na porta do guarda-roupa foi periciada e encontrado vestígios se sêmen. Na cozinha havia louças na pia por lavar e outras limpas, e no banheiro tinha uma banheira, de cor rosa, com água limpa em seu interior. 

 
 

Quarto do casal onde estavam vários brinquedos espalhados e sala em desordem (Reprodução)

Segundo a conclusão da perícia, havia objetos e vestígios remetendo à prática sexual na sala e no quarto e um alinho que destoava da desordem na sala e no quarto, além de limpeza recente no banheiro, o que sugere possível tentativa de alteração da cena na residência. 

“Não é possível concluir nesse trabalho a existência de vestígios inequívocos de morte violenta em tal residência, não se descartando o prejuízo ante a falta de preservação do local durante o período entre a prisão dos supostos autores e a chegada da equipe pericial na residência.”, disse a perita em laudo.

Após a morte de Sophia ser comunicada, tanto a mãe como a sogra, da mulher foram até a residência para buscar objetos.

 
 

Luz azulada usada para detectar sêmen na toalha que estava pendurada no quarto (Reprodução)

‘Minha culpa’

Jornal Midiamax teve acesso com exclusividade ao vídeo da audiência que aconteceu a portas fechadas no Fórum de Campo Grande. No depoimento, que durou cerca de 36 minutos e foi conduzido pelo juiz Carlos Alberto Garcete, a testemunha revela o que aconteceu momentos depois que o padrasto soube da morte de Sophia. Ele foi avisado pela mãe da menina por meio de mensagens de texto.

A testemunha revelou que, no dia em que Sophia morreu, ele foi até a residência do casal por volta das 15 horas e ficou na varanda junto do padrasto da menina, mas afirmou que não viu a mulher com a menina sair para o posto de saúde. A mãe deixou a casa às 16h46 em carro de motorista de aplicativo. 

Quando a mãe de Sophia mandou uma mensagem para o marido dizendo que a criança havia morrido, o padrasto ficou perturbado e disse a frase: “culpa minha”, conforme o depoimento da testemunha. Em seguida, os dois foram dar uma volta no bairro e fumar um cigarro. O padrasto, então, começou a chorar e segundo a testemunha "não parecia fingimento".

Ainda segundo a testemunha,  logo após o ‘passeio’ no bairro para fumar, os dois voltaram para a residência, e momentos depois a polícia chegou ao local dizendo que ele iria ser levado para a delegacia, e neste momento, o padrasto não teria esboçado nenhuma reação de surpresa indo com os policiais de forma tranquila. A testemunha relatou que foi para casa após a saída do amigo com os policiais.

Ainda segundo a testemunha, no dia anterior à morte de Sophia, ele foi até a casa para uma festa regada a cocaína, e disse, que era nítido o estado debilitado da menina, “ela estava bem fraquinha”, contou. De acordo com a testemunha, as festas na residência ocorriam pelo menos três vezes na semana e que em uma delas já teria chegado a beijar o padrasto de Sophia na boca. 

Festa regada a cocaína que antecedeu morte de Sophia

Durante a audiência, o rapaz foi questionado sobre o que aconteceu no dia e noite de 25 de janeiro, na casa onde morava a menina com a mãe e o padrasto. Em resposta, ele revelou que chegou à residência do casal por volta das 18 horas, já que iriam fazer uma festa. 

Outros dois homens também participaram da festa. Segundo a testemunha, a mãe de Sophia chegou a casa por volta das 19 horas, quando eles resolveram sair para comprar cocaína, nas imediações. As crianças, Sophia e o irmão, ficaram na residência com o padrasto. 

Ainda segundo a testemunha, a mãe da criança foi com ele comprar a cocaína, já que ela iria pagar pela droga. Quando questionado como estava Sophia, o rapaz respondeu que “ela estava molinha”, segundo ele, parecia com a imunidade baixa. Ele ainda falou nunca ter presenciado o padrasto de Sophia espancá-la. 

Foi confirmado por ele que praticamente todos os fins de semana faziam festa com drogas. “Neste dia iríamos comprar a cocaína para ver a potência que ela tinha”, disse na audiência. A testemunha ainda revelou que já havia presenciado brigas entre o casal, com xingamentos e humilhações. 

Sobre pessoas estranhas dormirem na casa e usarem para a prática de atos sexuais, a testemunha contou que ele já teria pernoitado na residência com a namorada algumas vezes e que mantiveram relações sexuais na sala da casa, com as crianças em outro cômodo. 

Já no dia seguinte, morte de Sophia, a testemunha disse que chegou a casa da família por volta das 15 horas e ficou na varanda junto do padrasto da menina, mas afirmou que não viu a mulher sair da residência com a criança para o posto de saúde às 16h46 em carro de motorista de aplicativo. 

“Mas o senhor não estava em frente da casa e não viu a mãe sair com a Sophia?”, foi indagado novamente e ele respondeu que não. “Elas saíram pela janela, então?”, voltou a questionar, mas a testemunha manteve a versão de não ter visto a mãe de Sophia sair com ela para a unidade de saúde, sendo advertida que mentir em juízo é crime. 

Ainda é questionado a ele: “Você não viu uma criança quase morta na casa?” A testemunha respondeu que não e que não sabe quem poderia ter feito mal a Sophia. Ele ainda afirmou não ter visto a mãe da menina mandando mensagens no início da noite dizendo que Sophia havia morrido no posto de saúde. 

Neste dia 2 de junho, Sophia OCampo faria 3 anos, e a festa que teria como tema o fundo do mar não aconteceu. 

Morte de Sophia

Sophia morreu aos 2 anos, na noite do dia 27 de janeiro. Ela foi levada pela mãe a um posto de saúde, onde as médicas que atenderam a menina constataram que ela já estava morta há pelo menos quatro horas. Tanto a mãe como o padrasto de Sophia foram presos e já indiciados pelo crime. 

O casal ainda tentou alterar as provas da morte da menina para enganar a polícia. A prisão preventiva foi decretada no dia 28 de janeiro. Em sua decisão, o magistrado afirmou que: “A prisão preventiva se justifica, ainda, para preservar a prova processual, garantindo sua regular aquisição, conservação e veracidade, imune a qualquer ingerência nefasta do agente. Destaca-se que, conforme noticiado nos autos, a criança somente foi levada para o Pronto Socorro após o período de 4 horas de seu óbito, o que evidencia que os custodiados tentaram alterar os objetos de prova.”

O juiz ainda citou que caso o casal fosse solto, haveria a possibilidade de tentativa de alteração de provas "para dificultar ou desfigurar demais provas". O casal foi levado para unidades penitenciárias, sendo a mulher para o interior do Estado e o padrasto da menina para a Gameleira de Segurança Máxima. 

A menina passou por vários atendimentos em unidades de saúde, entre eles febres, vômitos, queimaduras e tíbia quebrada. Em menos de 3 meses, a criança foi atendida diversas vezes sem que nenhum relatório fosse repassado sobre os atendimentos a menina.

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