Acabou a espera. "Terra e Paixão", nova novela da TV Globo ambientada em Mato Grosso do Sul, fez sua estreia nesta segunda-feira (8) e já arrematou o coração dos sul-mato-grossenses. A tirar por um detalhe: o jeito que Cauã Reymond tomou tereré no primeiro episódio.
A cena que fez o povo de MS se revirar no sofá aconteceu exatamente quando a novela estava no minuto 30. Após a festa de noivado de Graça (Agatha Moreira) e Daniel (Johnny Massaro), Caio (Cauã Reymond) foi para um canto da fazenda refletir sobre o assassinato que presenciou mais cedo, quando Samuel (Ítalo Martins), o marido da protagonista Aline, foi morto em sua frente, a mando de seu pai Antônio La Selva (Tony Ramos).
Nesse momento, a governanta Angelina (Inez Viana) chega e oferece. "Fiz um tereré pra você. Sei que gosta", diz ela, trazendo uma garrafa e uma guampa. "Adoro, Angelina. Gratidão. Tá bom, tá bom. Só um gole", responde Caio, enquanto ela serve a bebida típica de Mato Grosso do Sul.
Veja a cena:
Apesar de morrerem de orgulho ao ver o destaque para a cultura sul-mato-grossense logo no primeiro capítulo, moradores de Mato Grosso do Sul se irritaram com a forma como Cauã tomou o tereré, especialmente pelo fato do ator ter mexido tanto na bomba.
"Aquele tereré sem erva, com o Cauã Reymond puxando a bomba solta na cuia, foi de doer", opinou uma moradora nas redes sociais. Vale lembrar que o MidiaMAIS adiantou que o protagonista vivido pelo ator seria mesmo um tererézeiro nato.
Confira mais da repercussão:
Mesmo assim, só o fato de MS estar em destaque na telinha, e em uma novela de horário nobre, já é o suficiente para os telespectadores do Estado vibrarem com a representatividade.
Criada e escrita por Walcyr Carrasco, "Terra e Paixão" começou com todos os elementos mais indentitários do autor. Os acontecimentos que marcaram o episódio de estreia são semelhantes (se não idênticos) aos de "Chocolate com Pimenta", outra novela de Carrasco, reprisada atualmente nas tardes da TV Globo - o que evidenciou ainda mais as semelhanças.
O autor também buscou suas referências em "Alma Gêmea", ao apresentar a sábia tribo indígena que fez previsões e anunciou a chegada de um novo tempo em Nova Primavera, a cidade fictícia da trama. Tal qual Nijienigi (Francisco Carvalho) fazia no clássico das 18 horas do ano de 2005, com falas muito parecidas com as daquele pajé.
Mais adiante, Aline (Bárbara Torres), a protagonista de "Terra e Paixão", repetiu mais sequências, aparentemente, inspiradas em "Chocolate com Pimenta", como quando a mocinha pega um punhado de terra e faz um juramento emocionante. O trecho também tem inspiração no filme "E Vento Levou" (1939).
Os núcleos principais foram bem apresentados e os paralelos já deram uma palinha do que vem por aí. Mas o grande destaque da noite ficou para a Terra Vermelha e a protagonista de Bárbara Reis, responsável por carregar todo o arco dramático do primeiro episódio.
No capítulo de estreia, Aline deve ter dito umas 150 vezes o termo "terra vermelha": é que esse deveria ser o nome do folhetim, se não fosse um empecilho ocasionado por direitos autorais.
Além disso, as referências que Carrasco resgatou de suas obras clássicas foram sentidas pela web, que adorou o tom da nova novela, especialmente por remeter a outros folhetins tão queridos pelo público.
Contudo, também houveram críticas diversas, especialmente dedicadas ao autor e ao sotaque dos personagens, que não agradou muito o público carioca.
"Terra e Paixão" fez uma estreia bonita, apesar de ter registrado uma audiência abaixo do esperado. Enquanto "Travessia" saiu do ar marcando 29 pontos na Grande São Paulo, a nova novela acumulou apenas 24, segundo a prévia.
Ainda assim, conta com todos os ingredientes necessários para se tornar um fenômeno e mobilizar o Brasil pelos próximos meses. O fato de ser assinada por Walcyr Carrasco, autor que só escreve sucessos na TV Globo, ajuda na projeção da perspectiva positiva.
Vale lembrar que "Terra e Paixão" terá 221 capítulos, sendo a novela mais longa da emissora nos últimos anos.