Durante depoimento na primeira audiência sobre o caso da morte da menina Sophia, o investigador de polícia que atendeu o caso disse ao juiz Carlos Alberto Garcette que médicos e trabalhadores da UPA (Unidade de Pronto Atendimento) que a menina foi atendida antes de morrer disseram a ele que a mãe da criança de dois anos "não mostrou sentimento nenhum pela criança".
Conforme o policial, outros sinais demonstraram a frieza da mulher e do companheiro, que foram acusados por homicídio. Segundo as médicas da unidade de saúde, a mãe de Sophia entrou calma pela emergência e só demonstrou nervosismo após ser avisada de que a polícia seria acionada.
Também, o padrasto da criança chegou a cochilar dentro da viatura, quando foi pego pelos policiais e levado até a UPA.
Por fim, o policial contou que, informalmente, a dupla teria dito que planejou mentir que a menina tinha se machucado no escorregador no dia da morte.
Também foi ouvida a ex-mulher do padrasto de Sophia, que reforçou o perfil violento do acusado. Ela foi casada há quase 3 anos com o homem e afirmou que ele sempre foi agressivo com o filho deles, inclusive com ela.
Ela afirma ter presenciado o ex e a atual companheira batendo em Sophia. "Quando ele começa a bater não para. Não era só tapa, ele batia para machucar", afirmou diante do juiz.
O advogado Renato Cavalcante Franco, responsável pela defesa do padrasto, fez o pedido de liberdade para seu cliente ao juiz durante a audiência. O motivo seria a segurança do acusado, que estaria sofrendo ameaças no presídio onde se encontra detido até o julgamento.
Uma das cinco testemunhas da primeira audiência da morte de Sophia Ocampo, que ocorreu na tarde desta segunda-feira (17), disse que nunca imaginou que a filha fosse capaz de matar a menina, além de ter ficado sabendo da morte dela pelas redes sociais.
O avô de Sophia, e pai da ré, confirmou que não tinha muito diálogo com a filha e que, apesar de estar separado da ex-esposa, ajudava a filha como podia. Apesar disso, ele afirmou que a filha reclamava dos pais devido à ausência deles. “Sempre tive um bom relacionamento com os dois, e ele tentava me aproximar dela”, disse em referência ao ex-genro.
O pai de Sophia pediu para prestar depoimento, como testemunha, longe da ré.
Ele relatou que se separou da acusada quando a Sophia tinha dois meses de idade e, naquela época, a ex teria o proibido de ver a filha.
“Os hematomas começaram quando a Sophia tinha menos de um ano. Cerca de quatro meses antes da morte ela tinha comportamentos estranhos”, disse. Ele chegou a registrar dois boletins de ocorrência na Depca (Delegacia Especializada na Proteção da Criança e do Adolescente), e tentar a guarda, mas confessou não ter dado andamento no pedido.
Familiares de Sophia ficaram em frente ao Fórum, no cruzamento das ruas Da Paz com 25 de dezembro, com faixa onde lê-se o artigo 227 da Constituição Federal. "É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança, ao adolescente e ao jovem, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à conveniência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão", diz a faixa.