Em depoimento, testemunhas alegaram que o marido de Ana Carolina Jara, de 26 anos, estava muito tranquilo após assassinar a esposa a facadas na noite de terça-feira (18). Ele inclusive confessou o crime a duas pessoas, a babá dos filhos e a uma amiga da vítima.
Após o crime, as crianças, de 6 e 4 anos, que presenciaram o assassinato, foram deixadas na babá, pelo pai. Uma delas com a roupa suja de sangue.
Durante depoimento, a amiga de Ana Carolina contou que ela era trabalhadora, vendia produtos do assentamento na feirinha na cidade, não era de sair. Disse ainda que a vítima havia comentado a cerca de dois meses, que já estava em ‘separação de corpos’ com o suspeito, pois ele era ciumento, que não gostava mais dele. Apesar de nunca ter relatado sofrer agressões ou ameaças, Ana teria afirmado que só não registrava ocorrências contra o marido para não prejudicá-lo já que possuía plantações no lote do casal.
A amiga ainda relatou que o suspeito sempre aparentou ser uma pessoa tranquila e na sua frente, sempre tratou bem a vítima.
No dia do crime, o suspeito havia pegado o carro da amiga da vítima emprestado, pois levaria as duas até o ponto de ônibus para seguirem até a feirinha na cidade. O suspeito sempre utilizava o veículo emprestado.
Já pela noite, por volta das 22h, o homem apareceu na casa da testemunha, porém com a aparência tranquila, como sempre. Ao perguntar o que queria, o homem confessou: “Eu fiz uma cagada. Eu matei a Carol”. A mulher chegou a negar dizendo que não havia matado, porém, o homem repetiu: “Matei e matei bem matado”. Ao ser questionado, ele contou que a matou com uma faca. Neste momento a amiga passou mal e entrou na residência.
À polícia, a mulher contou que o autor não tinha sangue na roupa e deixou o carro dela no pátio da casa e fugiu na motocicleta dele.
Depois ela ligou para a babá das crianças, filhos do casal, que confirmou que o suspeito havia deixado as crianças com ela após o crime. A ela, ele também confessou. Uma das crianças estava com as roupas sujas de sangue.
Conforme áudio, relatada por uma amiga da vítima, ao se encontrar com a filha da vítima, a mesma demonstrou como o pai havia ‘agredido’ a mãe.
“Depois que ele matou ela, ele saiu da minha casa e sumiu. Não sei para onde foi. Eu moro a três quilômetros da casa dela. Nós éramos amigas, trabalhávamos juntas. Vi os filhos dela nascer. Éramos muito amigas. Era uma pessoa muito trabalhadeira a Carol. Ele matar na frente das crianças. Ontem na delegacia a menininha chegou com os tio e bateu a mãozinha no meu pescoço e falou assim para mim ‘ Meu pai bateu na minha mãe assim’. Bateu a mãozinha no meu peito. Uma criança de quatro anos, bateu no meu pescoço dizendo ‘meu pai bateu na minha mãe assim’. O menininho chegou me perguntando se a mãe estava no hospital", diz o áudio.
A prima da vítima contou que o casal estavam juntos há 9 anos, porém a cerca de 1 ano e meio haviam se separado porque o autor estava muito agressivo. Na época, Ana foi morar com a mãe em Campo Grande, porém depois de algum tempo reatou o relacionamento.
A ela, Ana também nunca relatou agressões ou ameaças. Das vezes em que visitou a vítima, o homem era tranquilo.
Uma vizinha do casal chegou a relatar que eles discutiam muito.
Segundo informações, Ana Carolina tinha seis perfurações de faca no tórax e o corpo foi encontrado no quintal de casa pela polícia. Uma amiga de Ana Carolina chamou os policiais após o suspeito ter ido até à casa dela confessando o assassinato.
Logo após a confissão, ele fugiu. A polícia faz buscas por ‘Kiko’. O feminicídio aconteceu por volta das 23 horas, quando a amiga de Ana soube do crime. ‘Kiko’ tem passagens por lesão corporal dolosa, ameaça e violação de domicílio e já esteve preso em 2019.
O homem, que já tem passagens está, inclusive, com um mandado de prisão em aberto por lesão corporal. Conforme a delegada Thatiana Isabela Colombo, da DAM (Delegacia de Atendimento à Mulher de Ponta Porã), o mandado de prisão contra o homem foi em decorrência de uma agressão contra a sobrinha em 2019.