O laudo pericial do incêndio que vitimou Pâmela Oliveira da Silva, de 27 anos, é inconclusivo sobre quem teria iniciado o fogo, de acordo com a polícia. Pâmela teve 90% do corpo queimada e chegou a ficar quase um mês internada na Santa Casa de Campo Grande, mas morreu na última semana.
De acordo com o delegado Roberto Duarte, de Rochedo, cidade a 81 quilômetros da Capital onde Pâmela vivia com o marido e filhos, a Perícia não consegue concluir quem teria iniciado o incêndio. O que foi apurado é que o fogo teve início entre a sala e o quarto e que o corpo da vítima foi tirado do local.
Além disso, a medida protetiva inicialmente concedida pela Justiça, impedindo que o marido de Pâmela se aproximasse dos filhos foi revogada. Em depoimento, enfermeira que atendeu Pâmela relatou que a vítima teria dito que acendeu o fósforo que provocou o incêndio. Já a família acredita que houve um feminicídio.
O marido da vítima prestou depoimento e contou que no dia dos fatos estava cortando grama, com uma máquina que usa gasolina. Quando ele foi buscar o galão de gasolina se deparou com Pâmela com um fósforo nas mãos.
Ainda segundo ele, a esposa havia derramado um pouco de combustível no chão. Pâmela teria começado a fazer ameaças de que jogaria o fósforo, quando houve uma combustão, e com isso a explosão colocando fogo na casa.
O homem ainda teria tentado apagar o fogo da esposa usando um cobertor, mas não conseguiu. Pâmela teve 90% do corpo queimado e não resistiu aos ferimentos, morrendo no dia 22 deste mês.
Após a morte de Pâmela, familiares dela procuraram a polícia, informando que no dia 21 de julho ela ficou em estado grave após a residência onde mora com o marido pegar fogo. Ao procurarem sobre o ocorrido, os policiais encontraram uma ocorrência registrada como tentativa de suicídio. Entretanto, a irmã afirmou que o suspeito seria o marido da vítima, e que ele teria tentado matá-la.
Foi solicitado que a família procurasse a Deam para formalizar a denúncia e acusações. No laudo da Santa Casa, onde Pâmela faleceu, consta que ela estava em estado gravíssimo, e tinha indícios de morte violenta pelo corpo, ficando internada na UTI (Unidade de Terapia Intensiva) do dia 22 de julho até o dia 13 deste mês.
Já na Deam, os familiares relataram que o casal estava junto há 11 anos e tinha dois filhos em comum, que estavam na residência no momento do incêndio. Entretanto, apenas ela se queimou, enquanto o marido e os filhos conseguiram sair do imóvel sem ferimentos. Eles chegaram a pedir um caminhão-pipa para apagar as chamas e Pâmela foi socorrida por um homem que passava em uma caminhonete, que a levou até o posto de saúde da cidade. De lá, ela foi encaminhada diretamente para a Santa Casa, devido à gravidade dos ferimentos.
A família conseguiu conversar com Pâmela, ainda quando estava no posto de saúde, e ela teria relatado uma discussão com o marido, dizendo que ele jogou gasolina nela e em seguida ateou fogo em seu corpo. Posteriormente, ela foi sedada e entubada na Santa Casa, e não conseguiu mais conversar.
Pâmela não costumava falar sobre as brigas e desentendimentos com o companheiro, entretanto, Roberto conta que por várias vezes seguiu viagem para buscar a filha que ligava pedindo para ir embora da casa que dividia.
"Cansei de pegar a estrada e quando chegava perto do Detran ela ligava de novo e falava que não precisava mais. Eu ligava todo dia, falava todo dia com ela; não falava se ele batia nela, mas que brigavam feio. Ela conheceu ele lá, nós morávamos aqui em Campo Grande, ela foi para lá em 2008 depois da morte da mãe. Sempre fomos próximos, mas ela não contava se sofria violência doméstica, mas que brigavam muito".