Por unanimidade, os advogados Bruno Ghizzi, Thais de Oliveira Caciano e Paula Tatiane Monezzi tiveram as atividades suspensas nesta sexta-feira (20). Por maioria, também foi suspensa atividade da advogada Inaiza Herradon. Todos foram alvos da Operação Sintonia dos Gravatas, contra núcleo do PCC (Primeiro Comando da Capital).
O julgamento dos advogados aconteceu na OAB/MS (Ordem dos Advogados do Brasil / Seccional de Mato Grosso do Sul). Paula Tatiane já tinha sido suspensa, por decisão judicial, publicada no Diário Oficial da OAB/MS no fim de abril.
O Gaeco ofereceu a denúncia contra 8 pessoas por envolvimento no núcleo Sintonia dos Gravatas, do PCC. Entre os denunciados estão presos de Mato Grosso do Sul e de outros estados, foragidos, um servidor público e também advogados, que tinham a função de ‘pombo-correio’ e ‘eram muito bem pagos para isso’, de acordo com relatos de integrantes da facção.
A denúncia foi oferecida no dia 8 de abril e trata da Operação Courrier. Conforme o Gaeco, a apuração inicial foi deflagrada para apurar a conduta de pessoas que integram ou se integraram em facções criminosas e demais delitos praticados por elas. Nos relatórios, consta que a Agepen (Agência Estadual de Administração do Sistema Penitenciário) levou ao conhecimento do órgão a existência de planos de atentados contra agentes públicos.
Um dos relatórios, com a data de 6 de abril de 2021, fala que, em uma das celas da Gameleira, foi apreendido um bilhete contendo uma ordem para que integrantes da organização criminosa assassinassem dois juízes, sendo um homem atuante em Uberlândia (MG) e uma mulher da 2ª Vara de Tóxicos, de Belo Horizonte, além de uma promotora, que atua na mesma vara criminal.
Anos antes, em 2019, delegado já havia feito abordagens a integrantes de uma organização criminosa, enquanto apurava assassinatos na fronteira, o que o fez sofrer pressões e então houve o afastamento dele da Operação Omertà. Horas após um depoimento, três consultas no sistema Sigo foram feitas em nome dele, pelo então chefe do cartório da 1ª Comarca de Campo Grande, Rodrigo Pereira da Silva Correa.
Questionado, Rodrigo apontou que Bruno Ghizzi, atuante em processos de execução penal de presos ligados ao PCC, procurou o delegado para informar que ele é quem tinha feito a consulta, usando login e senha do servidor público do Poder Judiciário.
Alegando interesse em providenciar uma suposta delação do “Sintonia dos Gravatas” e negando qualquer participação, ele comentou que o “Tio Doni” é quem estaria fazendo pagamentos a advogados que integravam tal núcleo.