Pouco mais de 20 dias depois da vacinação em massa nas cidades na região de fronteira em Mato Grosso do Sul, os resultados positivos diante da pandemia da Covid começam a aparecer. Das cinco cidades com menor incidência para o vírus atualmente, três receberam vacinação em massa.
Japorã, localizada a 434 km de Campo Grande, é a cidade com a menor taxa de incidência para o coronavírus, conforme boletim epidemiológico da SES (Secretaria Estadual de Saúde) desta quarta-feira (21). O cálculo mostra os casos para cada 100 mil habitantes do estado. A cidade conta com 2,2 casos para o quantitativo.
O município do extremo sul do estado e com fronteira para o Paraguai vacinou 97,7% da população e não registra nenhum caso de Covid-19 desde segunda-feira (19). O secretário de saúde da cidade, Fábio Carlos, disse à reportagem que o bom resultado é por conta da efetividade da vacinação e pela população do município ser em sua maioria rural.
A segunda menor incidência da doença atualmente é Paranhos (3,7), que também promoveu a vacinação em maiores de 18 anos e atualmente conta com 98,8% dos moradores vacinados. Em seguida, aparecem Jaraguari (3,7) e Corguinho (4,1), que têm 75% de imunizados da meta de vacinação.
A quinta cidade com menor incidência e que não registra caso confirmado de Covid-19 há dois dias é Bela Vista (4,2), cidade alvo da pesquisa de vacinação em massa pela Janssen e que tem atualmente 92,2% dos moradores acima dos 18 anos vacinados, segundo os informativos do painel Mais Saúde da SES.
Com mais de 95% de imunizados nas cidades de Japorã, Paranhos e Bela Vista, os índices superam o percentual apontado pela SES como o ideal de imunidade coletiva. A secretária adjunta, Cristhinne Maymone, diz que a Saúde monitora os municípios alvos da pesquisa de vacinação em massa e que as medidas básicas para evitar o contágio têm grande impacto nos resultados.
“Observamos realmente que esses municípios [que vacinaram em massa] tiveram melhora até na bandeira do Prosseguir. Daqui para frente teremos essa redução no número de casos, mas é importante ressaltar que a vacina tem um efeito protetivo e de proteção, ela não evita que a pessoa contraia o vírus. É importante continuar com o uso de máscaras, manter o distanciamento e lavar as mãos com frequência”, disse a secretária ao Midiamax.
Maymone pontua que o governo segue se empenhando na campanha de imunização e pede a colaboração dos moradores que tomaram a primeira dose, que retornem para se vacinar com a dose reforço e seguirem se resguardando.
“Não temos tratamento para a doença e enquanto não tiver uma imunidade coletiva, falamos de 90% [de vacinados], não podemos ficar tranquilos. Embora sejamos o estado que mais vacina, é importante que tomem a segunda dose, mas o mais importante de tudo, é não se expor. A melhor vacina é não ter o vírus”, orientou.
De 13 cidades contempladas no estudo de vacinação em massa pela Janssen, quatro saíram da bandeira vermelha. Já Campo Grande, mesmo com 40% da população adulta vacinada, continua com grau de risco alto. Municípios do Estado já contestaram o Prosseguir por suposto uso político.
O novo mapa de risco do Prosseguir foi divulgado na manhã desta quarta-feira (21), durante a live da SES.
As cidades que evoluíram na classificação de risco do Prosseguir são: Coronel Sapucaia, Ponta Porã, Porto Murtinho e Japorã. O infectologista e pesquisador da Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz), Julio Croda, chefia o estudo da vacinação em massa na fronteira de Mato Grosso do Sul. Ele ressalta que ainda é muito cedo para analisar os dados do coronavírus e os possíveis impactos da imunização. Para o infectologista, os primeiros impactos da vacinação em massa só serão percebidos nas próximas semanas.
Na semana passada, o governador Reinaldo Azambuja (PSDB) publicou decreto que passa a presidência do Prosseguir ao secretário de Infraestrutura e pré-candidato ao governo em 2022, Eduardo Riedel. A decisão reacendeu a especulação feita por lideranças dos municípios sobre o suposto uso político da ferramenta.
Em 10 de junho, o Prosseguir colocou 43 municípios em bandeira cinza (grau extremo) devido à pandemia da Covid-19 - Campo Grande era um dos municípios inseridos na faixa mais grave de riscos de contaminação. Porém, o prefeito Marquinhos Trad (PSD) contestou a publicação do Prosseguir e, após 4 dias, novo decreto municipal determinou que a Capital retornasse à faixa da bandeira vermelha. Sidrolândia, Três Lagoas e Ponta Porã seguiram os passos da Capital e também relaxaram as medidas. Os gestores contestaram as medidas do Prosseguir e cogitaram, ainda, uso político do programa.