Em três anos, a Polícia Federal do Paraná prendeu 204 pessoas em flagrante em ação que começou a desarticular uma das maiores quadrilhas de contrabando de cigarro, que também usava a logística para o narcotráfico. No fechamento desta investigação, na Operação Contorno Norte, 16 lideranças foram presas, entre elas, dois homens em Mundo Novo.
Na ação, cerca de 80 policiais federais cumprem 20 mandados de prisão preventiva e 17 mandados de busca e apreensão. A Justiça deferiu bloqueio de contas bancárias, sequestro de bens imóveis e a apreensão de veículos.
As investigações começaram em maio de 2016, após uma carreta carregada com cigarros contrabandeados colidir com um veículo onde estavam um casal e uma criança no Contorno Norte de Maringá, provocando a morte de uma mulher.
A operação constatou que os cigarros entravam no Brasil a partir de Salto Del Guairá, no Paraguai, utilizando uma rede de funcionários, olheiros, barqueiros, carregadores e motoristas. Em três anos, a Polícia Federal contabiliza 204 prisões, 130 flagrantes de contrabando e apreensão de 156 caminhões e outros 60 veículos utilizados nos crimes.
Também foram apreendidas 105 mil caixas de cigarros, o equivalente a 52 milhões de maços. As mercadorias foram avaliadas em R$ 250 milhões pela Receita Federal, gerando aproximadamente R$ 360 milhões em tributos e multas.
Na coletiva esta tarde, estavam o coordenador geral da Polícia Fazendária, Ronaldo Carrer, o delegado regional de Combate ao Crime Organizado, Ricardo Hiroshi, chefe da delegacia da PF em Maringá, Luiz Busto de Souza e o delegado Fabiano Zanin, responsável pela operação.
“Este é um caso emblemático de organização criminosa interestadual e transnacional, operavam desde o Paraguai, até MS, PR, GO e BA, uma logística que atende também o tráfico de drogas”, disse Souza.
O líder da quadrilha já estava preso em Assunção, no Paraguai, há cerca de 40 dias, em cumprimento a mandado de prisão expedido pela Justiça Federal de Guaíra, em condenação dada em 2018, de 36 anos de prisão por contrabando e corrupção e formação de quadrilha.
Os outros foram presos em municípios do Paraná, Goiás, e Mato Grosso do Sul: cinco em Umuarama, um em Cascavel, três em Guaíra, um em Alto Paraíso, um em Cruzeiro, um em Sertanópolis, um em Itumbiara e dois em Mundo Novo.
Todos, segundo a PF, fazem parte da liderança do grupo. “Era um grupo que operava largamente, com grande potencial ofensivo, um leque criminal extenso”, disse Luiz Souza.
Os crimes identificados foram contrabando fluvial, receptação, adulteração de veículos, falsificação de documentos, falsidade ideológica, além de outros pontuais, como homicídio, omissão de socorro e favorecimento pessoal (facilitação de fuga). Os presos de hoje serão levados a interrogatório para Maringá (PR).