QUINTA-FEIRA, 02 DE MAIO DE 2024
DATA: 25/01/2024 | FONTE: Midiamax Assistente social morta em UPA: polícia vai ouvir testemunhas e analisar câmeras de UPA para apurar negligência médica Marcelly deu entrada na unidade com queixas de vômito, diarreia e dores no peito
Divulgação

A Polícia Civil vai ouvir testemunhas e analisar as câmeras de segurança da UPA (Unidade de Pronto Atendimento) Coronel Antonino, em Campo Grande, para apurar se houve negligência médica em relação à morte de Marcelly Marcia Franca Almeida, de 33 anos.

Conforme a delegada Joilce Silveira, da Depac-Cepol, o marido de Marcelly relatou que ela foi diagnosticada com dengue no domingo (21) e, há alguns meses, começou a sentir falta de ar. Nessa terça-feira, ela deu entrada na UPA com dores abdominais, vômito e tontura.

 

 

“Segundo o marido alega, ela demorou bastante para entrar na sala de triagem e, depois que passou pela triagem, a pressão dela estava 7 por 4 e não deram nenhum medicamento, voltando ela para o saguão”.

Depois disso, o estado da mulher teria piorado. A delegada reforça que a pressão 7 por 4 não mata, mas se não for medicada, a tendência é que o estado de saúde tenha uma piora. Contudo, isso será analisado para constatar se realmente houve a demora no atendimento.

“Vamos verificar se realmente seria ficha amarela – que classificaram ela – porque a hora que ela começou a piorar e pediu ajuda, disseram que a ficha dela era amarela, mas amarela não significa estar grave, tem que aguardar. Então tudo isso será verificado e investigado para ao final ter um parecer”

 

 

Somente o laudo de perícia do IML (Instituto Médico Legal) irá constatar a causa da morte e, conforme a delegada, é esperado que o resultado saia ainda nesta quarta-feira (24).

“Vamos saber se ela faleceu de dengue ou se foi taquicardia, como o médico está suspeitando, porque quando a pressão baixa muito, realmente falta oxigenação no coração e causa a taquicardia. A dengue abaixa a pressão, como já constatado por médicos”, afirma a delegada durante coletiva de imprensa realizada nesta tarde.

Delegada Joilce Silveira. (Henrique Arakaki, Jornal Midiamax)

Depois que o quadro de Marcelly se agravou, o médico lhe atendeu a mulher e a colocou dentro da sala. 

“Enquanto isso, ele – marido – ficou lá fora sem notícias, não saiu em nenhum momento. Passado umas duas horas, ele bateu na porta pedindo informações de como estaria a esposa dele e nessa hora recebeu a notícia de que ela já estava morta”, ressalta a delegada.

Durante a investigação, servidores e pacientes que estavam na UPA, além de familiares de Marcelly, serão ouvidos, assim como câmeras do local serão analisadas para apurar se houve negligência médica, imprudência ou imperícia. 

A delegada ainda explicou que imperícia é quando o profissional, mesmo formado, não possui capacidade para exercer o cargo e acaba ministrando um remédio errado. Já a negligência acontece quando ele deveria dar um medicamento ao paciente, mas não dá, ou seja, ele não age.

E a imprudência é constatada quando o profissional ministra o medicamento correto, mas de forma errada, sem a devida atenção e cuidado. A demora, por exemplo, seria um caso de imprudência.

“O médico responde por homicídio culposo a partir do momento em que ele age como imperícia, imprudência ou negligência. Se ficar constatado durante as investigações que ele infringiu uma dessas situações, ele vai responder por homicídio culposo. Se não, ele será absolvido”, conclui a delegada.

Família reclama de demora no atendimento

Um familiar disse que Marcelly chegou a procurar atendimento por três vezes e que nessa terça-feira chegou à UPA por volta das 13 horas com queixas de vômito, diarreia e dores no peito.

No boletim de ocorrência registrado pelo marido, a informação é de que entre o primeiro pedido de atendimento até o momento em que Marcelly foi atendida se passaram, aproximadamente, duas horas.

O relatório médico, conforme consta no registro policial, afirma que o quadro de Marcelly evoluiu para parada cardiorrespiratória e que foram realizados nove choques, mas ela não resistiu. A morte foi confirmada às 16h45.

Sesau afirma que procedimentos aconteceram dentro do tempo protocolar

A equipe de reportagem do Jornal Midiamax procurou a Sesau (Secretaria Municipal de Saúde) para saber detalhes sobre o estado de saúde da paciente, confira nota na íntegra:

“A Secretaria Municipal de Saúde (SESAU) esclarece que a paciente deu entrada na UPA Coronel Antonino no início da tarde de hoje, passou por classificação e recebeu a cor amarela, sendo encaminhada diretamente para atendimento médico.

Ela permaneceu em observação sendo medicada e monitorado os sinais vitais no setor de estabilização da unidade, e que devido ao rápido agravamento do quadro clínico precisou ser encaminhada para a sala de emergência.

Na sala de emergência, devido à piora do estado clínico, a paciente evoluiu com uma parada cardíaca sendo intermediada pela equipe de emergência, porém sem sucesso. A SESAU também informa que todos os procedimentos aconteceram dentro do tempo protocolar conforme a classificação de risco, e que lamenta o falecimento da paciente e aguarda os resultados de exames para a elucidação diagnostica.”

Marcelly deixa duas filhas

Marcelly Marcia Franca Almeida era assistente social e trabalhava em uma organização não governamental que atende crianças com paralisia cerebral. Ela era casada e mãe de duas meninas, de 15 e 12 anos.

Nas redes sociais, familiares e amigos lamentaram a morte da mulher. “Sem explicação. Sem entender. Ainda sem acreditar. Logo você que tínhamos tantas coisas para fazer. Logo você que tinha uma vida inteira. Sua honestidade, só eu sei quanto você lutou, só eu sei o quanto você sofreu. Não tenho palavra de verdade para expressar o quanto você era importante. Você foi a primeira que soube sobre tudo na minha vida. Era minha confidente. Minha melhor versão. Obrigado por tudo nessa vida. Vou te amar para sempre minha cunhada, minha irmã, minha melhor pessoa. Descanse em paz”, disse o cunhado de Marcelly.

A organização na qual Marcelly trabalhava também publicou uma homenagem e informou estar de luto pela morte da funcionária e que não irá funcionar na próxima quinta-feira (25). “Estamos de luto e precisamos de tempo para processarmos essa notícia triste”, diz parte da publicação.

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