SEXTA-FEIRA, 19 DE ABRIL DE 2024
DATA: 13/09/2018 | FONTE: ms noticias MS em alerta com atentados à própria vida

Para uma corrente de especialistas, divulgar notícias sobre suicídios, sobretudo com enfoque sensacionalista, não é recomendável. Essa corrente sustenta que esse tipo de publicidade transforma-se num componente ainda mais excitante, uma espécie de estímulo, para quem possui tendências suicidas. No entanto, já se tem certeza que com a prevenção, a conscientização, o amor, atitudes adequadas e os cuidados profissionais qualificados é possível combater esse problema, que já vem chamando a atenção em algumas regiões pela grande quantidade de ocorrências.

Com a mobilização cada vez maior da sociedade e poder publico   no setembro amarelo - mês e cor associados em campanha nacional de prevenção - Mato Grosso do Sul acelera o passo para livrar-se da incômoda posição ranqueada em 2017, quando figurou como o estado cujo índice de mortalidade por suicídio foi maior que a média nacional. Quarta maior causa de óbito entre homens jovens, o suicídio registra no estado números preocupantes. Se no País a média de mortes masculinas está em 8,7 a cada 100 mil habitantes, em Mato Grosso do Sul chega a 13,3.

  Outro cenário estarrecedor é o levantado pela Organização Mundial de Saúde (OMS), segundo o qual 800 mil pessoas tiram a vida anualmente no planeta, das quais uma média de 11 mil no Brasil. Adolescentes e indígenas estão entre os segmentos humanos onde crescem as estatísticas.  Em território brasileiro, de 2011 a 2016 a maioria das tentativas de suicídio ocorreu entre as mulheres (69%). Apurou-se que no período 48.204 mulheres tentaram dar cabo da própria vida, a maioria (58%) por envenenamento ou intoxicação.

NA CAPITAL - Campo Grande contribui com a trágica e dolorosa tabela. Em 2016, por exemplo, segundo o Núcleo de Prevenção às Violências (NPV), órgão da Secretaria Municipal de Saúde, apurou 891 casos de tentativas de suicídio na capital.  sulmatogrossense. No ano seguinte, em 2017, o Corpo de Bombeiros Militar atendeu chamados em 925 tentativas de suicídio, sendo que 50% das vítimas eram crianças e jovens entre 10 e 19 anos. O número pode ser bem maior, pois segundo a OMS (Organização Mundial da Saúde), a cada caso registrado, cinco são subnotificados.

  Lesões auto provocadas de forma voluntária, um dos indícios de comportamento suicida, segundo especialistas, são a 3ª maior causa das taxas de mortalidade entre homens no Brasil. Já entre as mulheres é 8ª. Entre 2011 e 2016 foram notificadas 176.226 lesões auto provocadas em todo o Brasil.

O governo federal traçou para o Ministério da Saúde um compromisso: reduzir em ao menos 10% a mortalidade por suicídio até 2020, já que é subscritor do Plano de Ação em Saúde Mental, da OMS, meta definida nos Objetivos de Desenvolvimento Dustentável até 2030.

DEBATE CONTÍNUO - Coordenador do curso de prevenção ao suicídio na Universidade Federal (UFMS) - pioneiro no Brasil -, o capelão Edílson Reis considera fundamental falar sobre o problema e compartilhar a dor de quem apresenta sinais de que está entrando em depressão ou deixa cair com muita rapidez sua auto-estima. Defende que haja um debate contínuo na sociedade para quebrar o tabu de silêncio que encobre os dramas e torna ainda mais fragilizadas as pessoas.

Reis focaliza sobretudo a atenção que deve ser dada às crianças, adolescentes e jovens, mais suscetíveis à supervalorização da dor e das decepções, circunstância que às vezes os expõem a uma espécie de impulso para livrar-se do que o machuca. Diz que a imaturidade é perigosa. Não por acaso, o suicídio é a segunda maior causa de mortes entre 10 e 19 anos de idade, o que põe o Brasil como oitavo no ranking mundial.

PROJETO DE LEI - Muitos casos de suicídio chocaram a sociedade sulmatogrossense nos últimos anos. As tragédias se acumulam tanto que levaram o deputado federal Fábio Trad (PSD) a buscar um novo mecanismo legal para intensificar, fortalecer e tornar mais eficaz a parede de proteção à vida e de prevenção. No dia quatro deste mês, Fábio entrou com um projeto de lei (o de n° 10.781) na Câmara dos Deputados, fixando diretrizes  intersetoriais para o desenvolvimento de ações, políticas e atendimento à pessoa com comportamento suicida, incluindo-se aí os membros de sua família.  

  O projeto dá ênfase à promoção do debate, reflexão e conscientização sobre o tema e a participação da sociedade civil na aplicação e desenvolvimento de ações preventivas. Estabelece também os direitos da pessoa que tentou suicídio, como acesso a serviços de saúde, de forma integral, incluindo atendimento multiprofissional e medicamentos, bem como à sua família. Cria ainda um serviço telefônico nacional que opere 24 horas ininterruptamente com atendentes capacitados.

Para o deputado, a idéia tem consistência porque "nasceu da união de esforços de psicólogos, psiquiatras, assistentes sociais, juristas, sociólogos e pessoas direta e indiretamente envolvidas na questão do suicídio".  

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