Com o botijão do gás de cozinha valendo até R$ 80 em Campo Grande, conforme a Agência Nacional do Petroleo, o bom e velho fogão a lenha surge como alternativa de economia. E mais. Para duas moradoras da Capital, além do gasto menor, o sabor da comida fica diferente com o cozimento à moda antiga.
Lucimara Duarte Pereira, 40 anos, proprietária de uma loja de móveis no Jardim Los Angeles, usa o fogão a lenha da mãe cerca de três vezes por semana. O fogão está valendo a pena para a família, que o utiliza no quintal de casa.
''Sai mais barato que o gás. Você compra R$ 10 de lenha de eucalipto, que rende três a quatro dias'', faz as contas. Além disso, a comerciante relata que ainda aproveita a madeira da poda de uma árvore em frente de casa. Dependendo do tipo de alimento a ser cozido, usado diariamente, o botijão de gás não chega a durar um mês.
''Paguei R$ 70 para derrubar ela [árvore] e uso a madeira para cozinhar. A comida fica mais saborosa e dá para assar até carne’’, elogiou.
O fogão que usa é uma versão mais portátil do utilizado em fazendas, geralmente em tamanho maior e feito de concreto. Além disso, Lucimara diz que não faz fumaceiro e a lenha é pequena.
Lucimara tem razão ao falar de economia. Somente em 2018, o GLP, como é conhecido o gás de cozinha, teve pelo menos seis altas no preço. No último levantamento da ANP, em junho, 220 revendas foram pesquisadas e o valor médio ficou em R$ 76,96. O preço mínimo encontrado foi de R$ 70 e o máximo R$ 80.
A salgadeira Maria Cleuza Salazar já contabiliza um mês sem usar o fogão a gás. Na lenha, ela cozinha principalmente mandioca, ingrediente principal da massa dos salgados. Desse modo, a economia é incontestável, diz a microempresária.
A lenha é trazida de chácaras de amigos e parentes. Já o fogão, também portátil, foi presente da irmã e facilita a vida no preparo diário dos salgados. Cleuza assa até bolos e também destaca o sabor especial que a lenha imprime ao alimento.
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Conforme Robson William Barri Vieira, proprietário de um pet shop no Jardim Los Angeles, a procura por lenha e pelo fogão aumentaram depois da paralisação dos caminhoneiros, ocasião que o preço do gás disparou.
O empresário conta que, por semana, dez a 15 novos clientes perguntam sobre a lenha. O pacote com 20 roletes de eucalipto sai a R$ 10. ''E dura bastante'', destaca Vieira. No local, também havia fogões a lenha feitos de latão, vendidos a R$ 59. ''É pequenininho, tem cerca de 40 x 50 centímetros e com duas bocas'', observa o vendedor. Porém, as 20 unidades que tinha foram vendidas.
''É vantajoso para nós também, já que a cada fogão vendido já tem o cliente para comprar a lenha'', analisou. William relata que os clientes elogiam essa forma de cozinhar. ''É muito mais econômico quando você cozinha coisas demoradas'', analisou.