A quadrilha alvo da operação Laços de Família não censurava a ostentação no Facebook. As práticas do clã "Molina" chamaram a atenção em uma cidade de apenas 18 mil habitantes, Mundo Novo, a 476 km de Campo Grande. O grupo é acusado de “lavar” dinheiro do tráfico internacional em 10 empresas. Nas redes sociais, a movimentação milionária começou a ser descoberta em fotos de carros veículos de luxo, viagens internacionais e uma super festa de casamento.
A Polícia Federal frisou que o comportamento da família na pequena cidade estava completamente diferente do estilo de vida do restante da população, incompatível também com o salário do chefe da família, o subtenente da Polícia Militar Silvio Molina.
Nos perfis dos familiares, principalmente da esposa e das 2 filhas, as fotos são de deixar qualquer um desconfiado. A exposição na internet soma viagens à Paris, Orlando, passeios com helicópteros, chegada luxuosa da filha de Molina a um casamento usando Limousine, além de exibição de Ferrari, lanchas e jet-skis.
Com a Ferrari, de placas de Brasília, Jefferson Henrique Piovezan Azevedo Molina, filho de Molina, chegou a invadir um rodeio da cidade para chamar a atenção e exibir o luxo. Jefferson também dirigia Ferrari na Europa, quando publicou fotos em Paris. O veículo está ainda registrado em nome de empresário de Curitiba, dono de um loja de peças.
Jefferson foi assassinado com oito tiros no ano passado, no Centro de Mundo Novo, aos 25 anos. Ele adminsitrava uma transportadora da família.
Conforme o delegado, a execução pode ser consequência da violência empregada pela família na região, inclusive com uso de tortura contra desafetos. A máfia, como apontada pela PF, não pertencia às facções conhecidas no Brasil, porém, tinha ligações comerciais diretas com o PCC e com o tráfico internacional, fornecendo e comprando drogas.
Só na fase de investigação, o grupo perdeu R$ 61 milhões em negócios, aponta a PF. Agora, as ordens judiciais incluem sequestro de sete helicópteros, sendo uma das aeronaves usadas para levar Gegê do Mangue e Paca, lideranças da facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC), para execução.
Conforme a polícia, a estratégia garantia “vida luxuosa e nababesca [requintada] aos patrões do tráfico internacional de drogas, que incutiam o temor e o silêncio na região, pela sua violência e poderio”. Também eram utilizados helicópteros para transportar joias, dadas em pagamento pelas drogas.