O delegado Marcio Shiro Obara, titular da Delegacia Especializada em Homicídios (DEH), que foi acusado de tortura por seis membros do PCC (Primeiro Comando da Capital), participou de uma audiência de acareação na tarde desta sexta-feira (15), no Fórum de Campo Grande, e negou as acusações. Ele ficou de encaminhar à Justiça gravações que comprovam que nenhum dos presos foi agredido na delegacia.
Na semana passada, durante audiência da execução de Rudnei da Silva Rocha, que foi decapitado por membros do PCC em outubro do ano passado no bairro São Conrado, pelo menos dois dos seis presos afirmaram que sofreram tortura na delegacia e foram abrigados a assumir o crime. Um deles chegou a dizer que teve um saco plástico colocado na cabeça e foi agredido com tapas na orelha. Em uma outra audiência realizada em maio, outro preso também teria alegado agressão por parte dos policiais durante depoimento.
Ao juiz Carlos Alberto Garcette de Almeida, o delegado negou todas as acusações. ''Sempre pautamos pelos princípios da legalidade. Essas denúncias são inverídicas", ressaltou.
Durante a audiência, Obara informou que os depoimentos são gravados, porém com materiais pessoais tanto dele, quanto dos policiais da delegacia. Ele afirmou que possui a gravação de pelo menos dois depoimentos e que elas serão encaminhadas à Justiça como prova de que os presos não foram torturados e que todos os envolvidos confessaram o crime.
O delegado também esclareceu que nem todos os depoimentos são acompanhados integralmente por ele, mas que os policiais da delegacia tem autonomia para fazerem questionamentos aos presos. ''Quando eles mentem, os investigadores conseguem reconhecer muito mais fácil".
Além do delegado, outro seis policiais foram ouvidos na audiência. Os presos não apontaram quem seriam os policiais que teriam cometido as tortura.
Presos
Foram presos pela morte de Rudnei o pedreiro Valdeir Lourenço, Rodrigo Roberto Rodrigues, Maycke Davison Medeiros da Silva, Roberto Railson Maia da Silva, Lucas Carmina de Souza e Cristiane Gomes Nogueira, que está em prisão domiciliar fazendo uso de tornozeleira eletrônica. Uma sétima pessoa envolvida, identificada como Ayumi Chaves da Silva, está foragida.
Rudnei foi morto e decapitado por suspeita de participar do Comando Vermelho, facção rival do PCC.