QUINTA-FEIRA, 25 DE ABRIL DE 2024
DATA: 05/04/2018 | FONTE: Campo Grande News
Tensão volta a áreas invadidas e PF apela para saÃda pacÃfica de Ãndios
Policiais de BrasÃlia estão em Caarapó conversando com Ãndios para tentar convencê-los a desocupar propriedades invadidas em 2016
A PolÃcia Federal mandou agentes de uma unidade especializada de BrasÃlia (DF) para conversar com Ãndios Guarani-Kaiowá que ocupam propriedades rurais no municÃpio de Caarapó, na região sul do Estado.
A missão é tentar convencê-los a sair pacificamente dos acampamentos Jeroky Guasu e Guapoy, formados por três fazendas. Dois mandados de reintegração de posse expedidos pela Justiça Federal deverão ser cumpridos nos próximos dias e para evitar um possÃvel confronto, a PF tenta uma desocupação pacÃfica.
De acordo com o Cimi (Conselho Indigenista Missionário), o clima de tensão voltou aos acampamentos na semana passada, quando policiais federais foram ao local para informar às lideranças sobre as ordens de despejo.
Em nota distribuÃda(4) pela assessoria de imprensa da delegacia de Dourados, a PF fez um apelo à comunidade indÃgena para que permita o “cumprimento pacÃfico†da decisão judicial de reintegração de posse de Jeroky Guasu e Guapoy.
“A desocupação voluntária e o respeito aos trâmites processuais e administrativos é a sugestão constante para evitar conflitos como os já experimentados em outros momentos em Mato Grosso do Sul, o que aparenta não trazer benefÃcios à s comunidades indÃgenas, além de contrariar a lei e decisões judiciaisâ€, diz a nota da PF.
Ainda de acordo com a PolÃcia Federal, o envio de equipes especializadas para tentar um acordo com os Ãndios através do diálogo busca uma saÃda sem o uso da força, “o que demonstra a preocupação com a solução pacÃfica dos conflitosâ€.
Confronto e morte – Em junho de 2016, os Ãndios ocuparam a fazenda Yvu, ao lado da Aldeia Tey Kuê. Um grupo de pelo menos cem fazendeiros e seguranças privados tentaram fazer o despejo por conta própria. Houve confronto e o agente de saúde indÃgena Clodiodi Aquiles de Souza, 23, foi morto a tiros.
Outros seis Ãndios ficaram baleados. Cinco fazendeiros chegaram a ficar presos, mas conseguiram habeas corpus no STF (Supremo Tribunal Federal) e aguardam julgamento em liberdade.
Como resposta ao confronto, os Ãndios ocuparam outras dez propriedades nos arredores da aldeia, entre elas as quatro fazendas onde ficam os acampamentos Jeroky Guasu e Guapoy.
A ação de reintegração de posse de Jeroky Guasu chegou a ser suspensa pela presidente do STF, ministra Cármen Lúcia, no inÃcio de 2017, até que houvesse uma decisão de mérito a respeito das reintegrações de posse, o que ocorreu em dezembro passado, quando a 1ª Vara Federal de Dourados julgou a ação e confirmou o despejo. Sobre Guapoy está em vigor uma liminar de reintegração.
Enquanto a PF conversa com os Ãndios para uma saÃda pacÃfica, a comunidade Guarani-Kaiowá espera uma resposta do STF a um novo recurso que Funai apresentou para tentar barrar as reintegrações de posse.
Três municÃpios – As áreas invadidas fazem parte do território Dourados Amambai Peguá I, identificado pela Funai em maio do ano passado. Localizada nos municÃpios de Amambai, Caarapó e Laguna Carapã, a área tem 55.590 hectares.
O estudo de identificação e delimitação foi assinado em maio de 2016, “no apagar das luzes†do governo Dilma Rousseff e desencadeou o confronto ocorrido no dia 14 de junho, na fazenda Yvu.
Foi por causa desse decreto que os Ãndios da aldeia Tey Kuê decidiram ampliar a reserva e ocuparam a fazenda onde seis deles foram feridos a tiros e o agente de saúde indÃgena morreu atingido por cinco disparos.
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