A fila de espera por uma cirurgia eletiva – não urgente – pelo SUS (Sistema Único de Saúde) reúne pelo menos 35.071 pacientes em Mato Grosso do Sul. Uma parcela está há cinco anos aguardando o procedimento, ainda sem previsão de quando serão atendidos, constatou levantamento Conselho Federal de Medicina.
O número surreal representa 1% de sua população, e coloca o Estado em 5º lugar no ranking nacional, atrás do Rio Grande do Sul (39 mil), Goiás (55 mil), São Paulo (143 mil) e Minas Gerais (434 mil). O procedimento com maior número de demandas represadas em Mato Grosso do Sul é a cirurgia de varizes: 4.787 pessoas estão na fila desde 2012.
Na relação de cidades, Campo Grande está em 6º lugar com 4.081 pessoas aguardando por cirurgia no sistema público. O acesso a cirurgia de vesícula é a principal espera. O estudo indica também que a demanda na Capital é oriunda, na maior parte, de moradores do interior do Estado.
Em todo o Brasil são 904 mil pessoas aguardando atendimento. As informações foram obtidas a partir de dados de 16 estados e 10 capitais referentes a cirurgias eletivas no Brasil até junho de 2017. Acredita-se que o número apresentado pelo levantamento seja subestimado, tendo em vista que nem todos os Estados apresentaram os dados.
A cada mil pacientes que aguardam uma cirurgia, cinco morrem por ano durante a espera. O paciente que aguarda sete anos na fila tem 18% mais chances de morrer do que o doente esperado imediato. É o que aponta a pesquisa, liderada pelo médico Ricardo Cohen, membro da Câmara Técnica sobre Cirurgia Bariátrica e Síndrome Metabólica do CFM e coordenador do Centro de Obesidade e Diabete do Hospital alemão Oswaldo Cruz, que avaliou a consequência da demora no acesso ao procedimento.
A situação surreal também foi constatada em 2015 após investigação da CGU (Controladoria Geral da União), que indicou até 8 anos de espera as consultas para neurologia, e outros dois anos para realizar uma cirurgia na especialidade.
À época, a CGU concluiu que a política de regulamentação do município era ineficiente, prejudicando até mesmo a oferta e uso de leitos. Conforme o relatório, tais fragilidades podem impedir que um paciente seja encaminhado a uma determinada unidade de saúde, mesmo existindo leitos disponíveis.