O presidente Michel Temer afirmou nesta quarta-feira (15), durante uma solenidade em Itu (SP), que o povo brasileiro tem uma "tendência" para o "autoritarismo" e a "centralização".
Temer participou de evento em comemoração ao Dia da Proclamação da República. Segundo a Presidência, a escolha da cidade de Itu para o evento se deu porque o município do interior de São Paulo é considerado o "berço" do movimento que deu fim à monarquia no Brasil. Em 1873, foi realizada em Itu – município que fica a cerca de 100 quilômetros de São Paulo –, a primeira convenção republicana do país.
"Se nós não prestigiarmos certos princípios constitucionais, a nossa tendência é sempre caminhar para o autoritarismo, para uma certa centralização. Nós até, o povo brasileiro, temos até, digamos, uma certa tendência para a centralização" (Michel Temer)
Como exemplo de tendência autoritária, Temer citou os momentos em que houve ruptura da democracia e dos princípios republicanos no país, como em 1964, período em que teve início a ditadura militar.
Para o presidente, esses movimentos não foram resultado apenas de golpes de Estado, mas sim da vontade do povo naqueles momentos.
"A nossa Constituição, que refundou o Estado brasileiro, é categórica: ou seja: todo poder emana do povo. As autoridades, somos autoridades constituídas. Não somos autoridades diretas. O povo nos constitui como tais e, portanto, devemos ser sempre instrumento da vontade popular, porque exercemos mandatos meramente transitórios", discursou Temer.
Ao narrar os acontecimentos históricos do país, o peemedebista relembrou a Convenção de Itu, e explicou que escolheu a cidade do interior paulista como local para celebrar nesta quarta-feira o Dia da Proclamação da República por conta de seu simbolismo na queda da monarquia. No século 19, Itu era a terra de muitos "barões do café".
"Então, eu quero dizer aos senhores e as senhoras que o fato de nós termos praticamente transferidos, digamos, o governo aqui para Itu [nesta quarta], é de uma simbologia muito forte, muito significativa. [...] Também pela simbologia de aqui nós termos inaugurado uma fórmula que, a rigor, deveria impedir aqueles movimentos centralizadores que se deram no histórico que eu fiz. O ideal seria que nunca tivéssemos essa centralização, o autoritarismo em certo momento que houve no passado", ressaltou o presidente.
O G1 questionou ao Palácio do Planalto se Temer havia transferido formalmente a capital do governo para Itu nesta quarta. A assessoria da Presidência explicou que não houve nenhum ato formal transferindo a capital para o município paulista.
Na visita a Itu, Temer participou da entrega do título de cidadão ituano ao advogado e administrador José Eduardo Bandeira Mello, que é seu amigo há mais de 50 anos.
Nascido em São Paulo, Bandeira Mello tem 78 anos e mora em Itu. Além de exercer a advocacia, ele atuou como diretor e presidente de empresas da área farmacêutica, chegando, inclusive, a ser vice-presidente do Sindicato das Indústrias e da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp).
O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, participou da solenidade que homenageou Bandeira Mello. O prefeito de Itu, Guilherme Cassola, e de cidades próximas, como Sorocaba e Salto, também foram prestigiar a cerimônia.