S�BADO, 20 DE ABRIL DE 2024
DATA: 28/10/2017 | FONTE: Portal Uol Filme que vende 4.000 ingressos? O buraco do cinema nacional é mais embaixo Sala de cinema em São Paulo
Foto Divulgação

Nesta quinta-feira (26), o ministro da Cultura Sérgio Sá Leitão apresentou um balanço inédito sobre o cinema nacional e chamou a atenção para um dado específico: 49% dos filmes produzidos no Brasil desde 2012 (438 de 881 produções) tiveram a média de 3.650 ingressos vendidos.

Sá Leitão ironizou, dizendo que tem mais amigos no Facebook do que isso. “Não são todos amigos. Mas pelo menos não há haters”, disse.

Ainda segundo o levantamento feito pela Agência Nacional de Cinema (Ancine), cerca de 20% dos filmes do período ficaram entre 3.650 e 14 mil espectadores (178 produções), enquanto 14% chegaram a 100 mil espectadores. Somente 8% atingiram meio milhão de espectadores (73 filmes) e 3% ficaram entre 500 mil e um milhão (23 filmes), e 48 ultrapassaram um milhão de espectadores.

À primeira vista os números podem parecer preocupantes, e de fato não mostram um cenário muito positivo. Nos Estados Unidos, por exemplo, 30,74% dos filmes lançados em 2016 não passaram dos 3.650 ingressos, contra 53,64% no Brasil.

Ou seja, filmes que vendem poucos ingressos não são uma exclusividade nossa, ainda mais quando se leva em conta que a média de ingressos vendidos por filme lançado nos EUA em 2016 foi de 1,6 milhão, e o campeão de bilheteria "Procurando Dory" passou dos 50 milhões. Nesse cenário, ter mais de 30% das produções com uma bilheteria inferior a 4 mil ingressos é um resultado muito pior do que no Brasil, onde a média geral foi de 351,7 mil ingressos por filme e o campeão ("Os 10 Mandamentos") vendeu 11 milhões de entradas no ano passado.

Poucas salas

Mas a comparação quase deixa de fazer sentido quando consideramos que os Estados Unidos, apesar de ter uma população cerca de um terço maior que a brasileira (323,1 milhões contra 207,7 milhões), tem mais de dez vezes o número de salas de cinema: são 40,4 mil salas lá, e apenas 3.160 por aqui. O número de salas na França, por exemplo, que tem um terço da população brasileira (66,9 milhões), é quase o dobro das nossas: 5.842.

Soma-se a isso o fato de que essas poucas salas de cinema estão presentes em apenas 10,4% dos municípios brasileiros (segundo os dados mais recentes do IBGE de 2014) e temos uma baixíssima média de frequência nas salas de exibição: em 2016, foram 0,89 ingressos per capita (nos EUA, a média é de 3,8 ingressos, e, na França, de 3,34). Ficamos atrás até dos nossos vizinhos argentinos, com 1,1 ingresso per capita no ano passado. Vale lembrar que esses números se referem a qualquer tipo de filme, nacionais ou estrangeiros *. 

Ou seja: o brasileiro não está necessariamente pouco interessado no cinema nacional, mas vai muito pouco ao cinema em geral, por inúmeros motivos. Seja porque não há uma sala em sua cidade, seja pelo preço do ingresso, seja por uma pura falta de hábito.

Para o ministro, além desses aspectos, há outros a serem levados em consideração. "Há também o fato de que alguns filmes têm o cinema como primeira janela apenas por obrigação legal. Seu caminho mais natural ou lógico seria estrear na TV ou direto no VOD (vídeo on demand), por exemplo. Para se mensurar a performance real de um filme, é preciso considerar os resultados de todas as janelas, não apenas o cinema. Como eu disse no debate, há vários casos de filmes com baixo desempenho em salas de cinema que têm alta performance na TV e no VOD", afirmou Sá Leitão.

"Penso que outros pontos importantes são o aumento do valor de produção e consequentemente da qualidade e do poder de atração e de competição dos filmes; e a diversificação de gêneros. Temos muitos filmes de alguns gêneros e poucos de outros", completou.

Qualquer plano para o cinema nacional precisa levar em consideração esses fatores, e o próprio ministro Sá Leitão apontou nesta direção ao ressaltar que, dos R$ 7,7 bilhões arrecadados desde 2012 pelo Fundo Setorial do Audiovisual (FSA), um dos mecanismos de apoio ao cinema nacional, somente 7% foram destinados ao desenvolvimento e 4% à distribuição de produtos audiovisuais. O que levou o ministro a dizer, durante o debate: “Meus amigos, eu posso afirmar, pela experiência que tenho na área, que dessa maneira não se desenvolve uma indústria do audiovisual”.

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