A Justiça de Ribeirão Preto homologou na sexta-feira (15) duas delações premiadas relativas à Operação Sevandija -parasita-, que investiga o que é considerado o maior escândalo de corrupção da história da cidade.
Os casos de corrupção ativa, passiva, tráfico de influência, peculato e fraude em licitação respingaram em Mato Grosso do Sul. Em setembro do ano passado, a Polícia Federal cumpriu mandado de busca e apreensão na Quiran Engenharia, com sede em Campo Grande.
Foram homologadas as delações de Paulo Roberto de Abreu Júnior e Alexandra Martins, respectivamente sócio e ex-namorada do empresário Marcelo Plastino, encontrado morto em novembro de 2016, dois meses após a deflagração da operação do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado), do Ministério Público paulista.
A apuração, até agora, chegou a licitações fraudadas que somam R$ 203 milhões, segundo o Gaeco. Foram denunciadas 34 pessoas e bloqueados R$ 33 milhões, além de 68 imóveis e 66 veículos. Empresas de Mato Grosso do Sul são investigadas no esquema. Os nomes delas não foram divulgados.
Nove pessoas estão presas, entre elas a ex-prefeita Dárcy Vera (PSD), três ex-secretários (Administração, Educação e Casa Civil), dois ex-servidores, dois advogados e um ex-vereador. Todos negam elo com irregularidades.
Os dois acordos homologados são referentes à investigação dos contratos de terceirização assinados entre a Prefeitura de Ribeirão Preto e a Atmosphera, empresa de Plastino.
Conforme a denúncia, a empresa era usada para abrigar funcionários indicados por agentes públicos, como vereadores, em troca de apoio político para Dárcy na Câmara.
ENGRENAGEM
Segundo o Gaeco, as colaborações premiadas foram fechadas depois de meses de negociação e os dois envolvidos confessaram participação e indicaram "as engrenagens e a dinâmica das contratações ilícitas, a realização de periódicos e vultosos saques em dinheiro vivo das contas da empresa e os contatos entre o empresário falecido e agentes públicos de Ribeirão".
Plastino foi encontrado morto em seu apartamento -de acordo com a polícia, cometeu suicídio.
Ainda conforme a Promotoria, Abreu Júnior e Alexandra apresentaram centenas de documentos, como ofícios e e-mails com assinaturas de autoridades chancelando a contratação de apadrinhados políticos, além de manuscritos do empresário morto sobre os fatos e seus contatos na prefeitura.
O processo sobre as terceirizações é um dos vértices de um triângulo que contempla ainda o suposto pagamento de propina a partir do recebimento de honorários advocatícios e um contrato ilegal firmado no Daerp (departamento de água). Dárcy está presa devido ao processo dos honorários -as audiências do caso terão início no fim do mês.
Além das duas delações homologadas nesta sexta, dois outros acordos foram fechados anteriormente, um na apuração dos honorários advocatícios e outro, no contrato do setor de água.
O acordo de delação prevê limite de pena a ser fixada caso os dois sejam condenados e desbloqueio de parte de seus bens.
PRISÃO
Em 14 de setembro de 2016, durante cumprimento de mandados de prisão, um dos investigados presos na operação foi Jorge Carlos Amin, presidente da Águas do Mirante e então membro do conselho da holding da Aegea Saneamento, controlada de concessionárias de água que atuam em Mato Grosso do Sul.